ARTIGOS

Planejamento e responsabilidade construindo um mundo melhor

A ARTE BRASILEIRA DE GERARDO DE SOUSA - PINTURA E ESCULTURA-

Peterson Barroso Simão
Desembargador TJRJ
Abril de 2025

1. APRESENTAÇÃO

Toda arte que vale a pena ser apreciada transcende a intenção de seu autor.
Especialmente a pintura é um mistério e um espetáculo eterno enquanto a vida continua breve.
O dom da imaginação prodigiosa, da composição, da habilidade e destinação, coroa o artista plástico — GERARDO DE SOUSA com superabundância de lindas imagens coloridas, harmoniosas e equilibradas, fazendo com que seu trabalho de pintura e escultura pontifique com destaque por todo o mundo.
De estilo completamente puro, genuíno, próprio e marcante produz telas e esculturas com alegria e amor, sempre lembrando suas raízes que vêm do Nordeste brasileiro — o Estado do Ceará.
Com todas as palavras é um mestre imaginoso e fecundo. Sua arte é sincera e inconfundivelmente brasileira, mostrando sua originalidade, buscando retratar os seres humanos, a natureza com terra, sol e mar, além dos animais e as plantações.
Ao completar cerca de trinta e cinco anos de trabalho artístico, a carreira de Gerardo de Sousa é comemorada e registrada neste livro que traça sua trajetória de vida e obra.
Cotejando o teor do texto que segue, o leitor é conduzido ao entendimento de sua pureza, ingenuidade e ao mesmo tempo, de extrema habilidade que tem para realizar sua tarefa com precisão e rara beleza, ocupando espaço significativo e de repercussão perante a arte que para alguns é considerada como sendo naif.
Este artista que tudo faz com muita alegria e dedicação coloca o seu coração e alma produzindo cada vez mais, com fortíssima demonstração de amor sublime pela união dos seres, o respeito ao Universo e à Natureza e à felicidade das pessoas. Por isso, a energia positiva que se percebe da observação de seu ofício.
Sua genialidade resplandece nos detalhes de cada produção, sendo sempre original e autêntico em todas as suas fases e criações, chamadas pelos críticos de arte naif, primitiva, buscando um Brasil brasileiro.
O que entusiasma a realização e divulgação deste singelo livro é a vontade de compartilhar com todos quem é Gerardo de Sousa, sua vida e obra. Desinfluente ser ele um autodidata ou utilizar-se de técnicas, o importante é que domina com notável segurança o que faz, colocando em seu trabalho o que há de melhor, trazendo profunda paz e bem-estar às pessoas que examinam suas pinturas e esculturas.

2. INTRODUÇÃO
Na multiplicidade infinita de seus aspectos, analisando com atenção cada obra de Gerardo de Sousa, sua trajetória profissional e vida, conclui-se por uma composição e distribuição harmoniosa das formas e das cores que fazem bater no coração a sensibilidade humana, a esperança e o amor, pela certeza de que a sua execução foi uma Graça Divina ou uma admirável manifestação do Céu.
Com o voluntário afastamento de Gerardo do mundo artístico, retirando-se para Campo Grande, do burburinho inquietante da cidade do Rio de Janeiro, permanecendo recluso durante tanto tempo em companhia de sua família sempre dedicada, encontrou ele ambiente propício para produzir telas maravilhosas e esculturas inacreditáveis, incursionando em variados temas. Em seu vôo macrocósmico, pode projetar em seus trabalhos figuras como paisagens, sobretudo, quando se trata das fazendinhas, da vida simples no campo e no mar com suas jangadas, além dos animais e da própria Natureza. E ainda, dos namorados, do amor e da procriação humana.
Daí a razão deste livro, objetivando mostrar ao público este grande artista que é Gerardo. E, as pessoas que se solidarizam com esse momento contrariam a cômoda tendência de transferir para o futuro os aplausos que merecem os seus artistas.
Os mágicos pincéis de Gerardo, sob seu comando e da turbulência de sua força criativa, deslizam freneticamente em várias direções, como se estivessem em outra dimensão cósmica, abstraído o artista, integralmente, das coisas que o rodeiam. E por isso sua obra é singular e diferente, possuindo um significado todo especial para quem a interpreta. Quem admira a arte, verá o belo materializado nas obras de Gerardo.
Desenhista por excelência possui um sentido aguçado capaz de sensibilizar com estímulos extremamente sutis. Vê e faz pintura como poucos conseguem. Conhece bem seu ofício e sabe manejar as cores como um mestre, ultrapassando qualquer tipo de dificuldade. Simplesmente pinta, não se importa com os modismos, primando pelo virtuosismo do fazer artístico com alegria e despreendimento.

3. DO CEARÁ PARA O RIO DE JANEIRO
Hoje Gerardo de Sousa é radicado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, precisamente, em Campo Grande — Paciência. Mas, foram muitos os percalços de sua trajetória, o que foi muito bem descrito e noticiado pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do IPHAN, do Ministério da Cultura (sala do artista popular 120 - 2004).
Resumidamente, é o que se segue: Nasceu em 1950, num sítio de Guaraciaba do Norte, interior do Estado do Ceará. Ainda criança mudou-se com a família para uma pequena cidade no mesmo Estado e de lá para Parnaíba, no Piauí, onde passou toda a infância. Posteriormente, ao retornar ao Ceará, foi morar em São Benedito, depois em Ibiapina. Já adolescente, transferiu-se para um subúrbio de Fortaleza, a capital do Estado, onde viveu por cerca de quatro anos, trabalhando como cobrador de ônibus para sobreviver. Aos 20 anos de idade, atendendo aos apelas do pai, mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de novas perspectivas de trabalho, exercendo atividades diversas, inclusive de office-boy acabando como gerente de um estabelecimento, novos tempos a partir de 1972.
Contudo, Gerardo queria mais, queria estudar, pesquisar, criar, vivenciar esteticamente suas criações que desde cedo o instigava, mas que ainda não podia reconhecer bem como uma vontade de expressão artística.
Por isso, conta Gerardo: "Eu já tinha o interesse, desde criança que vem. Só que eu não sabia como, eu não tinha conhecimento da coisa. Então eu me dedicava à literatura de cordel. Não que eu escrevia cordel, mas eu lia, eu gostava de ler, de desenvolver a coisa assim. Mas isso era a sede de botar pra fora alguma coisa que eu não sabia como."
Gerardo foi criado em meio às artes populares e ao artesanato tradicional das feiras nordestinas, mas confessa que sua "sede" não se saciava com os folhetos de cordel nem com as miniaturas de barro que povoaram sua infância e adolescência. Tão logo as conheceu, após se instalar no Rio de Janeiro, seu interesse voltou-se para manifestações artísticas eruditas, principalmente no campo da pintura e para a arte como domínio do conhecimento formal: "Quando vi pintura, aí eu: é por aqui". Assim a mudança para a cidade representava para ele a abertura de um campo de possibilidades favoráveis à formulação e implementação de um novo projeto, o de tornar-se pintor, de ser artista. E assim, sua vontade de pintar começou no Rio de Janeiro onde passou a viver.
Começando seus desenhos e pintura percebeu ser portador de daltonismo, mais um obstáculo a ser superado, como o fez. Abandonou um curso de arte por causa deste problema e resolveu ele próprio - "fazer do meu jeito, metendo as caras".
Trabalhando de dia e, à noite, estudando sobre arte, com seus pincéis pintava as primeiras telas, valendo descrever seu sacrifício: "eu estudei muito... pigmentação, baseado nos pintores franceses, no movimento do pontilhismo francês. Investigando eu passei 15 noites pintando um quadro. Porque eu trabalhava durante o dia, só à noite podia pintar. Durante 15 noites eu adormecia no cavalete. É por isso que eu o chamo de - 15 noites. Foi um estudo de cores, de entender as cores".
Suas telas, muito coloridas, logo começaram a ser expostas na Feira Hippie da Praça General Osório, em Ipanema, no início da década de 70. Passou a negociar bons trabalhos melhorando sua condição financeira. Logo em seguida, vieram os contratos com as galerias de arte instaladas na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Vindo a saudade da família, mandou buscá-la no Ceará, no total de 12 pessoas, sendo 10 irmãos, contanto com ele. Vieram também o pai e a mãe.
Gerardo foi paulatinamente construindo uma trajetória bem sucedida como pintor. Já não trabalhava mais na fábrica, seu último emprego, e podia se dedicar integralmente à produção de telas para feiras, galerias e museus que expunham sua obra. O sucesso, por sua vez, mais o estimulava a estudar.
Aos poucos, constituiu uma biblioteca particular com vários títulos sobre história da arte e da pintura, parte dos quais guarda até hoje nas estantes de seu ateliê, tudo guardado com muito carinho. Daí em diante foi desenvolvendo e aprimorando sua arte cada vez mais, tornando-se um verdadeiro mestre da pintura naif ou da própria arte brasileira de Gerardo de Sousa — por seu estilo único e inconfundível.
Por isso, com o passar dos tempos, Gerardo pode ser definido como um mestre da pintura em geral, pois devido aos esforços do estudo, sua arte foi além, sendo estudada cuidadosamente, passo a passo, esboçada e pensada com fortíssima criação e interpretação do que permaneceu nas telas.
Á partir da década de 90, além de pintar passou ao estudo das esculturas ecologicamente corretas, o que será visto adiante.
O artista que já morou em diversos lugares na cidade do Rio de Janeiro, escolheu morar em Paciência, na zona oeste, onde decidiu se estabelecer e construir sua casa, há mais de 30 anos, tendo muito amor pelo bairro e sua população.

4. ATUALIDADE
Gerardo Luiz de Sousa no ano de 2007 sofreu um desastre ao ser atropelado por uma bicicleta e fraturou a bacia. Recuperou-se apesar de pequena sequela.
No ano de 2009 sofreu um AVC, ficando com o braço esquerdo paralisado e posteriormente, com parcial movimento.
No entanto, tais sofrimentos e dificuldades físicas não lhe impediram de exercer com mais excelência ainda sua arte — pintura e esculturas.
Costumeiramente, trabalha todos os dias, inclusive em parte dos sábados e domingos, pois como já dito, realiza sua obra com muito prazer e satisfação.
Seu ateliê fica no segundo andar de sua residência, bastando subir uma escada para criar e produzir. E do cotidiano carioca e das lembranças da terra natal Ceará que busca a inspiração para criar as suas obras, sempre em tons vibrantes e coloridos, que já representa o talento artístico brasileiro em mostras por todo mundo.

Duas vezes por semana comparece ao restaurante a 50m de sua casa para almoçar, saboreando as comidas típicas nordestinas.
Apreciador da leitura, não dispensa o hábito de abrir os livros quando não está trabalhando. À noite, se possível em vista da diabetes, moderadamente prova uma cerveja enquanto assiste o noticiário televisivo.
Nascido em 25 de abril de 1950, retirado voluntariamente do grande centro e no aconchego de sua casa, vem produzindo cada vez mais e melhor, passando atualmente por gloriosa fase, inobstante os percalços. Gerardo registra diariamente anotações pessoais, fatos de sua trajetória de vida, estudos e rascunhos de peças que ficam documentados em grandes livros escritos por ele próprio.
Quem conhece a pintura dele gosta. Quem conhece o artista o admira, por sua humildade, tranquilidade, boa conversa e respeito ao lidar com as pessoas. Da pintura tem nascido grandes amizades por décadas e que não ficam esquecidas. Tem sido assim com os clientes brasileiros e estrangeiros. O exemplo que segue nos mostra a relevância deste entrosamento. Certa vez, um cliente pediu-lhe para pintar uma tela motivada na família composta à época do casal e dois filhos. Dezesseis anos depois reaparece o amigo-cliente e lhe diz que seu terceiro filho estava triste por não participar daquele quadro familiar. Então, Gerardo, prontamente, acrescentou à pintura já existente a família agora completa com a figura do filho caçula.

5. MARCOS IMPORTANTES DA CARREIRA
Em seu rico currículo constam mais de 80 exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. Possui obras em inúmeros museus e coleções particulares por todo o mundo.
É noticiado: Dicionário de artes plásticas no Brasil. Editado pelo Banco Bozzano Simonsen; O mundo fascinante dos pintores naifs, editado pelo Paço Imperial e Fundação Lucien Finkelsteim; Dicionário de Educação e Cultura quarto volume; Brazilian de Frankfurt; Brazilian art naif of today; Dicionário Walmyr Ayala; Pintores naifs - Patrimônio do mundo.
Além disso, tem sido referido em inúmeras revistas de artes plásticas brasileiras e estrangeiras, principalmente, europeias.
As exposições individuais seguem o seguinte cronograma:

1974 - Primeira exposição individual no salão da Alitalia, Avenida Atlântica, RJ;
1976 - Mostra seus trabalhos na Alitalia de Copacabana com apresentação de Walmyr Ayala e Isa Aderne Vieira, críticos de arte;
1977 - Galeria Samarte — Copacabana, RJ;
1979 - Museu de Arte e Tradições Populares do Ingá,
Niterói, RJ;
1980 - Pinturas e Serigrafias na inauguração da Galeria Improviso, Tijuca, RJ.
1982 - Galeria de Arte da Divisão de Turismo da Prefeitura de Teresópolis;
1983 - Exposição na AABB de Niterói, RJ;
1985 - Galeria Cultural, centro, Rio, RJ
1987 — Galeria Espaço - Planetário da Gávea, RJ;
1988 - Museu- Galeria da Caixa Econômica Federal, Rio, RJ; Galeria Salão Dart Lemangotango. Costa Rica; Galeria Maria Theresa Vieira, Rua da Carioca, Rio, RJ; Grupo Cultural da Caixa Econômica Federal de Campo Grande, RJ; Escola Superior da Defensoria Pública, Ri, R;
2001 - Espaço Cultural do Hotel Meridien, R);
2002 - Galeria de Arte do Tijuca Tênis Club Artediversidade de Gerardo de Sousa — Tijuca, RJ;
2004- Museu do Floclore — Esculpinturas em matéria vegetal "A arte brasileira de Gerardo de Sousa"; e Espaço Cultural Flamengo Toxrs - Arte e Ecologia;
2005 — Galeria Ateliart — A Amazônia é nossa, Rio, RJ;
2006 - UFRRJ "A arte Brasileira de Gerardo de Sousa"; Extensiva na Galeria Ateliart;
2007 - Espaço Cultural do Hotel Sheraton, Barra, RJ;
2008 - Espaço Cultural da Escola Superior da Defensoria Pública, RJ;
2009 - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Recebeu menção honrosa no 9º Salão de Maio da Sociedade Brasileira de Belas Artes; Em 1975 participou da mostra de arte da segunda exposição de artistas brasileiros — Exposição de artistas primitivos em Milão- Itália; Em 1978, participou da primeira mostra do Museu Universitário Augusto Motta, com pintores primitivos e ingênuos da América Latina em Santiago — Chile; Em 1986, participou da coletiva art 4 na Maison de Cultura de Monde - Paris; Participou de apresentação na Galeria Tanaca Yaesu - Tóquio, Japão; Em 1991, recebeu o prêmio aquisição da exposição internacional de pintores primitivos em Piracicaba, em São Paulo; Em 2000, participou da sétima Bienal de Santos; Em 2001 expôs na Galeria Instituto Brasil - Estados Unidos; Em 2004, expôs no Museu do Folclore Edson Carneiro, RJ; Em 2005 apresentou seus trabalhos na Fundação Armando Alves Penteado — São Paulo; participou ainda da Brasilian Naif Art - SESC Colection, Chicago Center- UA, OEA - Organização dos Estados Americanos — Washington — USA.

6. A PINTURA
A pintura naif brasileira é muito rica e cheia de imprevistos, por sua natureza espontânea, sincera e ingênua. Devido à diversidade de temas relativos à fauna, à flora e ao sincretismo religioso e às suas várias etnias, o Brasil ocupa lugar de destaque no contexto mundial desta arte.
E, as telas de Gerardo de Sousa dão vida a qualquer ambiente, quer residencial ou comercial. Depois da preparação das telas, começa o desenho. Posteriormente vêm as cores dos pincéis, produzindo sensações formidáveis e positivas quando concluídas.
Sua pintura une o interior e exterior, dentro e fora. Une os seres humanos em harmonia com a Natureza. Tudo com desenhos simples, cuja simplicidade surge do fruto de incontáveis horas de estudo do artista para que o espectador possa com facilidade entrar com seus olhos dentro do cenário, imaginar, relaxar, viajar e aproveitar, sempre havendo algo novo para ser descoberto e observado.
Quando iniciou suas atividades em 1972, utilizava a tinta a óleo. Paulatinamente passou a utilizar a tinta acrílica por sua praticidade e por secar rapidamente, além de não fazer mal à saúde.
A soma de cores, e quanto mais colorido melhor, deixa ao final as marcas de sua originalidade e singularidade, fazendo com que uma obra do artista possa ser identificada entre tantas outras, com extrema facilidade, tal como se diz: "Este é o Gerardo", reverenciando-o.
Faz sempre um colorido sempre agradável, sem excessos ou superabundância de cores e sua pintura traz paz, harmonia, reflexão e bem-estar.
Às vezes utiliza tonalidades mais suaves, das cores amarela, azul, laranja e outras fortes, como as cores verde e preta. O vermelho, terracota, violeta e vinho, costumam ficar rajados como que colocadas por cima de pingos de outras cores que já se encontravam na tela.
O que retrata em seus quadros é a forte influência de sua infância que passou na zona rural do Ceará, tais como, fazendinhas, florestas, animais, sol, mar, peixes, jangadas, a terra com cactos, cabaças e frutas. Quando pinta temas humanos, tem preferência pela maternidade, casal de namorados, rosto do homem, da mulher e da criança ou a semente que esta será. Neste caso a interpretação e os sonhos ficam por conta do admirador da arte.
A Floresta Amazônica é tema comum para o artista, tal como as fazendinhas com seus boiadeiros e animais, casas e montanhas ao fundo.
Geralmente suas telas se fazem acompanhar de um contorno de composição onde se fazem sempre presentes o sol, a cabaça de água, imagens de pessoas, frutas, animais, casas e árvores.
A explosão de cores e detalhes que saltam dos seus quadros torna-se uma característica marcante surpreendente, principalmente quando descobrimos que ele é daltônico, guiando-se como os impressionistas, pelo efeito que uma cor provoca ao lado de outra. Dentre as telas de sua autoria as que são sua marca registrada referem-se à zona rural nordestina e à Amazônia, onde ele retrata com muita felicidade a biodiversidade da região e o respeito do homem perante o Universo.
A pintura de Gerardo é pura arte com criatividade, consciência e sinceridade, que muitas vezes precisa ser interpretada, pois toca a alma e os sentimentos mais nobres do ser.
Como diz Gerado resumindo o seu trabalho: "A minha oba reflete a vida de menino do interior, a minha visão das coisas da infância. Pinto inspirado em lembranças. Pinto com emoção. Quero dar um sentimento de amor e paz entre o homem e a Natureza"
Todos os trabalhos são assinados e datados pelo artista na frente e no verso, trazendo, cada qual, título próprio. Quando é indagado sobre sua pequena assinatura na frente, responde: "as pessoas precisam ver a pintura que é importante e não o nome do artista que deve ficar singelo"

7 A CRÍTICA
Alguns críticos classificam sua pintura como de caráter ingênuo, fixando paisagens e temas de sua terra natal, Ceará, no Nordeste brasileiro. Outros relembram que é um pintor da arte popular, tipicamente brasileira, que resplandece com notável habilidade e extremamente autêntica.
Em verdade, Gerardo ultrapassou a chamada arte naif, pois passou a aplicar seus conhecimentos conquistados em décadas de leitura no seu trabalho artístico. Daí a necessidade de interpretação em alguns de seus trabalhos, como o tema - a árvore da vida.
É um autodidata por excelência, tornando-se um profundo conhecedor do que faz e da arte mundial em todos os segmentos.
Walmir Ayala, o saudoso crítico de arte, assim se manifestou: "Trata-se de um pintor que, dentro do seu gênero, está fadado a crescer e permanecer, sem margem de engano. A alegria de suas cenas populares, a coragem de lançar os close bovinos e compromete-los com a ação jubilosa dos vaqueiros e domadores, o casario resolvido em síntese e espontaneidade de composição, a sensibilidade com que deita a tinta na tela, penteando os excessos, deixando perceber o andamento sutil do gesto, são valores que se confirmam em cada obra, que demonstram qualidade e dom. Chamaria atenção inda para o desenho de seu bestiário, cheio de humor e otimismo, a estilização da flora implantada numa estação fecunda, os caminhos de promessas felizes, as comunidades completas em sua existência singela e desambiciosa. Uma pintura feliz, que nos faz felizes, que abranda o coração e exercita a vista no bom e no belo das imagens que simbolizam o lado positivo da vida, aquele que coroa o instante da consciência tranquila, do descanso honesto, da posse dividida".
Vicente de Percia, por sua vez, analisando o trabalho do artista, afirma que: ..."a cor forte e o seu traço, trazem à tona uma forma específica e com conteúdo que se entrelaçam, principalmente, por abordar legados inalterados que o tempo não apaga..."
E, Isa Aderne Vieira registra que: "Ao tomar contato com sua obra, senti na pureza das cores e espontaneidade de formas a expressão de um autêntico naif. De sua vivência no Nordeste, as memórias que trazem a pureza das imagens captadas na infância; o lirismo do seu mundo é verdadeiramente de um poeta da cor. Nele encontramos aquela intensidade de sentimentos e inocência de que tanto necessita a época moderna, iniciada pelo pai da pintura do século XX, Henry Rousseau".
No entanto, é o próprio artista que melhor define sua obra, após tanto estudo da arte: "Meu trabalho está em constante evolução. Alguns especialistas já não consideram naif a minha arte em vista do alto valor interpretativo". Finalmente acrescenta: "Minha obra representa a arte brasileira de Gerardo de Sousa". Ou seja, de estilo próprio e marcante, suas criações não possuem semelhança com o passado e presente das obras dos outros artistas.

8. ASPECTOS FINANCEIROS
No mundo da arte é importante que se tenha bom gosto, paciência e oportunidade, pois as tendências se alternam a cada época. O mercado das artes não só acostumou-se a essas variações como sobrevive em parte, dessas mudanças. Alguns compradores fazem sua escolha pela inspiração que advém do olhar atento para o objeto, ou buscam opções clássicas para que o objeto comprado mantenha-se dentro de um alto nível aceitável por muitos anos. Outros compram como investimento seguro e forma de proteger seu patrimônio.
Na obra de Gerardo de Sousa, todos esses aspectos se encontram reunidos. Adquirir uma de suas obras é sinônimo, em primeiro lugar, de sensibilidade. Em segundo, a qualidade de seu trabalho é investimento sólido. Contudo o que não tem preço é o entusiasmo e ao mesmo tempo a paz que nos dá admirar a obra produzida que adorna a casa ou qualquer outro ambiente.
Merece relevo especial acentuar que, os atuais quadros de Gerardo não necessitam de molduras, despesas que para o caso, são desnecessárias. No máximo, um contorno de filete ou baguete de madeira dourada é o bastante. Naturalmente, caberá a cada um fazer sua própria opção de acordo com seu gosto e ambiente.

9. AS ESCULTURAS (ESCULTUPINTURAS)
MATERIAL VEGETAL MV : 100% SUSTENTABILIDADE

Depois de vinte anos de carreira, Gerardo decidiu lançar-se na busca de novas formas de expressar sua criatividade. Como ele mesmo diz: "É que eu não paro, a minha cabeça não para. Eu tenho sempre que criar alguma coisa". E foi dessa inquietude da alma, no bom sentido, que na década de 90, começou a investigar elementos e processos que pudessem produzir um material substituto da madeira, com o qual desejava confeccionar os chassis das telas que pintava.
Com a descoberta da "matéria vegetal" acabou, por acaso, encontrando também uma possibilidade de expressão artística, à qual vem se dedicando cada vez mais intensamente.
Lembra Gerardo: "Eu sonhava em fazer uma escultura, mas eu não tinha condição financeira pra isso. Porque sai caro fazer uma escultura. Não uma escultura artesanal qualquer, mas uma escultura de verdade sai muito caro. Porque depois de você ter todo o trabalho com a argila ou gesso, você vai ter que levar pra uma forja pra formar a sua escultura de bronze ou o que for. Então, não é fácil, E, depois, que eu descobri isso... é fácil, fácil."
E foi em busca desta tentativa de aprimoramento artístico que ele descobriu e realizou suas chamadas ESCULTUPINTURAS.
Formas e cores se harmonizam nas composições e esculturas de Gerardo de Sousa. Modeladas em matéria vegetal, multicoloridas, pintadas em tinta acrílica, as "escultupinturas", como o artista chama suas obras, são o resultado de uma década de pesquisa que culminou com a descoberta da matéria vegetal, que lhe abriu caminho para uma nova possibilidade de expressão artística.
Gerardo nunca parou de pintar suas telas, mas passou a dedicar parte de seu tempo ao desenvolvimento de um produto que considera ecologicamente correto por utilizar, apenas, materiais vegetais residuais, numa proporção equilibrada de trinta e cinco por cento de bagaço de cana triturado, trinta e cinco por cento de serragem, vinte por cento de matéria de aderência, no caso seiva de bananeira, e dez de matéria imunizadora. A fibra vegetal (celulose) equivale cerca de trinta por cento da cana-de-açúcar.
Esses ingredientes passam horas dentro de uma panela de ferro, até ganharem consistência de massa compacta e homogênea, pronta para ser modelada e muito semelhante à argila, tanto pela cor quanto pelo seu manuseio, simples e plástico. Quando a matéria vegetal esfria, o artista começa modelagem das peças.
Relevos, cores e formas com motivo inspirados em lembranças e representações trazem à tona o Nordeste de sua querida infância, onde nasceu e viveu até 1971.
Quem melhor descreveu o passo a passo desta criação e realização foi o Ministério da Cultura — IPHAN, na edição 120 - 2004, sala do artista popular, que resumiu o invento de Gerardo da seguinte forma:
"A primeira etapa do trabalho de Gerardo consiste na seleção e no processamento das matérias-primas necessárias para a produção da matéria ou massa vegetal. Primeiramente, o bagaço de cana, resíduo da extração do caldo servido como bebida é recolhido entre as sobras das lanchonetes do bairro onde mora; em seguida, ele é triturado numa lixadeira semi-industrial, adaptada pelo artista exclusivamente para essa finalidade. O segundo elemento, a serragem, é também um ingrediente residual, resultado de um dia de trabalho, que normalmente seria descartado na rotina de produção da serraria que Gerardo possui e mantém em frente de sua casa, onde produz os bastidores das telas para pintura, que também comercializa. Sobre a chamada matéria de aderência, uma espécie de pó com cor de beterraba, ele prefere guardar segredo; apenas relata que no lugar do atual componente da fórmula já experimentou usar a casca de chuchu. Por fim, tem-se que a matéria imunizadora, que protege a massa vegetal do ataque de cupins, nada mais é do que uma mistura de água e pimenta malagueta, batida no liquidificador e peneirada, resultado de uma descoberta casual do artista. A segunda etapa de produção da massa vegetal é o cozimento dos ingredientes. Diante do fogão e de todos os elementos devidamente acondicionados em latas e potes plásticos, prepara-se para comandar o processo, quase alquímico, de transformação dos materiais selecionados em uma única e nova matéria-prima. Servindo-se de uma cabaça cortada ao meio e amarrada num pedaço de pau que, provavelmente, já foi um dia, um cabo de vassoura — o artista-inventor despeja água numa grande panela de ferro, adicionando aí um pouco da matéria de aderência. Na sequência, coloca na água um pouco de bagaço de cana moído, um tanto de serragem, mais um punhado de matéria imunizadora. Com uma colher de pau, o artista segue pacientemente mexendo a mistura que vai adquirindo um tom avermelhado, quase vinho, e fica mexendo por cerca de 30 minutos. Em seguida forma-se um todo compacto e bem homogêneo, a matéria vegetal está quase pronta para ser modelada, parecendo com argila, tanto pela cor quanto pelo manuseio simples, lembrando também borracha por sua elasticidade. Imediatamente, sai da panela quente para uma bacia plástica, onde vai esfriar ao abrigo de uma tábua de madeira. Depois de fria, é distribuída manualmente, pouco a pouco, nos moldes, em formas previamente preparadas pelo artista ou em torno de objetos que lhe servem de suporte. No caso dos quadros, por exemplo, Gerardo prepara uma espécie de caixa de madeira e papelão, fixada com pregos, dentro da qual será jogada a massa. Já para fazer um jarro, vai modelando a matéria em torno de uma das muitas latas de tinta que restam de sua atividade de pintor. Por antecipação, Gerardo faz um estudo com lápis e papel traçando o esboço a seguir, estipulando as dimensões e principais características — relevos, desenhos, cores e formas do objeto que será trabalhado. Moldadas e tracejadas com motivos inspirados em lembranças de sua infância nordestina, as esculturas são postas para secar no local mais arejado do ateliê. As peças maiores podem levar até três meses para secar completamente, e as menores levam alguns dias. As peças, posteriormente são retocadas através de lixa de parede e uma massa misturada com cola. Somente depois, as esculturas começam a se transformar em escultupinturas. Primeiro recebem uma proteção de querosene e cupinicida. Em seguida, uma camada de tinta a óleo dourada ou azul claro e, só então, as tintas de cores fortes vermelho, amarelo, verde, azul, entre outras — que migraram das telas para dar vida aos desenhos inscritos na matéria vegetal. Finaliza o trabalho com uma camada de verniz que dá brilho e protege a peça. O produto final de todo esse trabalho são objetos extremamente expressivos, cujas imagens parecem narrar histórias em parte criadas pelo artista, em parte dotadas de vida própria. Chamadas por nomes próprios como Arvore da Vida, Ele Ela, Totem Nordestino, Totem Brasileiro, Estudo de Personalidades, as escultupinturas de Gerardo são obras inusitadas, situadas nas fronteiras entre a arte, o artesanato e a arte popular".

10 ENTREVISTANDO O ARTISTA
-- QUEM É GERARDO DE SOUSA?
Homem simples do nosso povo, que veio de Guaraciaba do Norte, interior do Ceará, nascido e criado em um sítio-fazenda. Alguém que teve toda vivência interiorana, de hábito contemplativo, e por esse comportamento diferenciava-se das outras crianças. O germe da arte já se manifestava, mas sem definir o ramo ou caminho artístico a seguir.
-- COMO É SUA PINTURA NO CONTEXTO DE ARTE?
Quando já estava no Rio de Janeiro, comecei a pintar explorando temas interioranos (fazendas, bois, cenas de fazendas em geral). Era considerado um bom primitivo. Já na fase atual, continuo pintando os mesmos temas, não necessariamente regionais, mas universais. As vezes com muita simbologia, numa linguagem moderna, chegando às raias da abstração, sem limitações impostas por estilos ou escolas, ou seja: minha pintura não se insere, a nenhum estilo conhecido, não pertence a nenhum "ismo". A minha obra não aceita rótulos. Faço simplesmente: A arte brasileira de
Gerardo de Sousa.
-- COMO É O COMEÇO, MEIO E FIM DE SUA OBRA?
Como forma do "Fazer" materialmente, pinto o fundo branco da tela. Após, transfiro o desenho, previamente executado em bloco de papel que é o estudo preliminar e esboço de apuração. Posteriormente começo a executar na tela penteando ainda os excessos. Daí começo pintando o fundo, e depois a figuração, e por aí, vai. Procuro fazer com que a obra se comunique com quem a observa.
-- FALE SOBRE SEU MATERIAL DE TRABALHO:
Faço minhas próprias telas. Imunizo os chassis. Estico a tela, geralmente de lona. Uso tintas nacionais e material convencional. Não faço muita exigência quanto aos pincéis. As misturas das tintas surgem de um estudo preliminar buscando o equilíbrio, harmonia e beleza.

-- QUAIS SÃO AS FASES DE SUA PINTURA?
Quando descobri o problema do daltonismo, a princípio, fiquei arrasado, pois pelo que disse o professor, eu jamais seria um pintor, pois era daltônico. Desanimei. Desisti da escola. Esfriei... Mas, o germe da arte reagiu. Resolvi fazer do meu jeito. Já tinha algum conhecimento de arte. Comecei a pesquisar sobre cores. Li sobre os pontilhistas franceses. Estudei sobreposição de cores e profundidade. Pesquisei sobre as tintas básicas e as derivadas das misturas. Baseado nesses estudos, realizei uma tela com uma composição geométrica, numa técnica pontilhista, estudando o efeito de um ponto de determinada cor ao lado de outra cor. Fazendo a aproximação entre uma e outra cor, vem ou forma-se uma outra. E a cor inexistente, a que se refere Israel Pedrosa em seu livro que tive a oportunidade de ler muitos anos depois. Os primeiros trabalhos referem-se à fase pontilhista: bailarinas. Esta primeira fase durou pouco. Daí em diante passei a pintar as fazendinhas e depois, esta fase atual que eu chamo de integração. Esta atual e importante fase da minha carreira conta muito com a sensibilidade e interpretação. Procuro fazer das linhas dos desenhos e das cores algo que daria um poema.
-- O QUE É O SIMBOLISMO NA SUA ARTE?
Símbolos sempre me fascinaram talvez pelo fato de trazerem em si, uma história de um significado silencioso. A participação do simbolismo na minha obra, tanto pode ser "por ter a ver" com o tema principal (exemplos: namorados e a simbologia de flores, pássaros, coração) ou para nos remeter às lembranças ou transcender ao Nordeste do País, ao sol, ao mar, velas, mandacaru, cabaças, etc...). Fascinei-me pela simbologia vendo desenhos das culturas Andinas (Incas, Maias e Astecas) e Egípcias, e na minha obra pode acontecer, por integrar-se ao tema ou por necessidade da composição.
-- O QUE É A CHAMADA INTEGRAÇÃO?
Chamo a minha atual fase de INTEGRAÇÃO, porque acho que em todos os sentidos da vida prática, integrar-se é o melhor caminho. Na minha obra eu prego: integração do homem com a natureza; integração do homem com os outros animais; integração do homem com o homem; integração do passado, presente visando o futuro; integração dos vários movimentos de arte (ismos); integração entre o autor e o observador de sua obra como possibilidade de descobrir outras formas de integração; integração entre as figuras da composição, uma forma penetrando na outra, mas visando sempre, o bom resultado da composição; enfim, uma integração do homem com o Universo.
-- QUAL A INFLUÊNCIA DE SUA FAMÍLIA EM SUA OBRA?
Minha família é de origem humilde, de sitiantes do interior do Ceará que não teve vida cultural, que nunca ouviu falar em arte, principalmente em pintura. Portanto não havia como a família me influenciar como artista plástico. Já nasceu comigo essa vocação e esta necessidade de tirar do fundo da minha alma toda a imaginação que brota fazendo virar trabalho de arte, o que faço com felicidade e amor. Agora, recebi de meus pais muito carinho e dedicação. Deles herdei a honestidade em todos os sentidos e grande amor... Obrigado papai e mamãe pela boa criação e por construírem tão bem o meu caráter.
-- MENSAGEM AOS JOVENS?
Quando se tem uma forte vocação, um forte desejo de fazer arte, deve-se lutar muito pelo objetivo, tendo consciência que existem muitas barreiras, até de preconceito. Mas, deve-se derrubar estas barreiras e sem magoar ninguém, seguir sua vontade, tendo consciência que a maioria das pessoas não conseguiram abrir as portas para o mundo da arte. Entender nossa missão e desenvolvê-la com amor, persistência e às vezes, com sacrifício.
-- DE ONDE VEM A INSPIRAÇÃO?
Minha principal fonte de inspiração é sempre a minha vivência. Se antes pintava cenas interioranas, a inspiração vinha de lembranças das da minha infância no meu Ceará, das viagens com meu querido papai, pelas praias daquele lindo Estado do Ceará comprando peixe; lembranças também do tempo que moramos em Parnaíba, viajando pelos Estados do Piauí e pelo Maranhão. Já na atual fase só acrescentei temas urbanos e de caráter ecológico ou universais.
-- CONSIDERAÇÕES GERAIS:
“Hoje quando pinto uma tela, sinto o prazer de criar uma obra que vai alegrar a vida. A contemplação desta obra realizada e finalizada é o primeiro pagamento que recebo. O segundo é tudo o que posso auferir em termos de promoção, que posso ter através desse trabalho, ou seja, o reconhecimento carinhoso pelo trabalho que desenvolvi com humildade. O terceiro pagamento é o próprio valor financeiro da obra. E quando penso na minha infância e juventude da angústia que sentia, por não saber a que me dedicar, finalmente me encontrei, e depois, só progredi como pessoa e como artista. Enriquecendo-me na cultura geral, senti a vontade inquestionável de mudar de estilo, mas sem perder as referência e minhas origens, ou seja, evolui tecnicamente, mas só acrescentei temas urbanos e universais e uma simbologia que deixam claro a influência da cultura andina e egípcia para mim. E assim, consegui criar um estilo totalmente pessoal, e já partindo para outra pesquisa, esta com a grande preocupação ecológica: o bagaço de cana; o pó de serra; as sobras vegetais de lavouras; folhagens; capins, etc... Deixam de poluir o meio ambiente para se tornarem obras de arte que eu chamo de escultupinturas, arte e ecologia”.

NOTA: Em dezembro de 2012, um pouco debilitado, escorregou no banheiro de sua casa e assim foi a óbito.

11 CONCLUSÃO
A arte de Gerardo de Sousa se resume na tarefa de dar alegria e bons sentimentos a quem a admira, mediante formas e cores.
E simplesmente um dos nomes mais representativo da arte naif, acrescida de sua própria singularidade e nuances interpretativos.
Sua obra constituída de pinturas e escultupinturas é vista e interpretada sem esforço, trazendo a desejada felicidade.
Este artista surgiu e se desenvolveu nos braços do povo e por isso sua arte é sincera e inconfundivelmente nacional, onde todos podem refletir e entender, tocando a sensibilidade geral.
Gerardo de Sousa é um dos nomes mais premiados e consagrados da Arte Naif, com progressão própria, tendo participado de mais de oitenta exposições individuais e coletivas ao longo de sua brilhante carreira e agora, prepara-se para outra grande apresentação a ser anunciada brevemente.
Avesso ao modismo, seus trabalhos, de forte impacto estético, seguem uma linha pura do ponto de vista do desenho; porém suas formas exaltam um conceito de pintura extremamente original e escultório constantes. Sua arte pode ser apreciada em museus do Brasil e do mundo.
Com o dom da imaginação prodigiosa, da composição, da harmonia de cores, dos estudos, com estilo próprio e marcante, Gerardo está predestinado a fixar em suas obras a beleza que se eterniza, com humildade e simplicidade.
Não haveria mérito algum em Gerado de Sousa se todas as suas obras retratassem semelhantes temas e pinceladas já conhecidas no mercado. A glória deste artista plástico promana de seu fortíssimo poder criativo e de sua incomum habilidade profissional tirando ótimos resultados com seu estilo único tanto na pintura quanto nas esculturas em matéria vegetal. Sua arte está sempre evoluindo e atualizada, diversificada, racionalizada, interpretativa e dulcificada com especial colorido para dar ao espectador a desejada paz e alegria, e em síntese, felicidade.
Nos últimos anos, o reconhecimento internacional do pioneirismo e da originalidade da obra de Gerardo fez com que seus trabalhos fossem integrados a coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior.
Enfim, da França afirmou VICTOR HUGO: "A arte nada tem a fazer com limites, algemas, mordaças. Ela diz: Vai — e larga você neste grande jardim de poesias, onde não há frutos proibidos."
Do nosso Brasil responde o genuíno GERARDO DE SOUSA: "A arte deve ter o poder de alertar, conscientizar e reintegrar o homem ao Universo."

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